domingo, 26 de abril de 2015

Proposta 2 - Composição Final


Proposta 2 - Recolha Fotográfica









Proposta 2 - Memória Descritiva

A segunda proposta de Design de Comunicação Visual consistiu na realização de uma composição visual, uma infografia, recorrendo apenas a elementos topográficos, baseada numa notícia. Para esta proposta, escolhemos a notícia “Ferguson é uma cidade onde os polícias não cumprem a lei”, encontrada no site do jornal O Público. Esta notícia é referente ao caso Ferguson, no qual Michael Brown, um jovem negro de 18 anos, foi morto a tiro por Darren Wilson, um agente da polícia local. O jovem estava desarmado e o caso chamou à atenção para outros semelhantes que têm vindo a acontecer nos Estados Unidos da América. O tema da notícia interessou-nos bastante, até porque imediatamente começámos a ter ideias para o trabalho, baseadas nas discussões sobre a violência e racismo da força policial americana.
Para ilustrar esta notícia e os casos de racismo que estão relacionados com a mesma, decidimos ilustrar um revólver – a arma do crime – e o perfil de uma cabeça baleada, que representa as vítimas, homens negros mortos pela polícia americana por pura discriminação.
O revólver foi feito em letra Georgia e a silhueta em letra Gill Sans (Ultra Bold). A escolha das letras recaiu na intenção de retratar o revólver de forma mais rígida e autoritária, com uma letra de aspeto mais “formal” e linear. A cabeça, por outro lado, foi feita com uma letra mais informal, descontraída e arredondada, para demonstrar a juventude da vítima, e a escolha do Ultra Bold foi feita para dar mais impacto à figura, o impacto equivalente ao da morte de Michael Brown. Para além disso, uma letra com forma mais redonda adapta-se melhor à forma da cabeça.
O revólver é quase tão grande como a cabeça para demonstrar o domínio da polícia sobre as vítimas, que no entanto nunca desaparecem da memória das pessoas revoltadas (por isso continua a ser maior do que a arma).
Toda a composição foi feita a preto, à exceção das letras correspondentes às zonas feridas da cabeça – o “D” manipulado de forma a assemelhar-se ao côncavo criado pela entrada de uma bala e as letras que “saltam” da parte de trás da cabeça, criando mais impacto e movimento, todas em cor vermelha para parecer o sangue derramado da jovem vítima. Esta parte da composição pretende chamar a atenção e provocar emoção em quem a vê, tendo sido tirada inspiração de notícias sensacionalistas.
Podem ser identificados vários elementos e técnicas nesta composição – a assimetria entre a rigidez da arma e a jovialidade e impacto da cabeça; o destaque das letras a vermelho; o movimento das letras que saltam na parte de trás da cabeça, entre outros.
A tipografia permite-nos comunicar uma mensagem de forma criativa e eficaz – neste caso, a mensagem de uma notícia de 500 palavras passou a ser comunicada através de uma infografia topográfica, algo mais apelativo e criativo.  Segundo Ellen Lupton, a tipografia é um dos desafios mais recorrentes e básicos de um designer – “The organization of letters in a blank page – or screen – is the designer’s most basic challenge. What kind of font to use? How big? How should those letters be aligned, spaced, ordered, shaped and otherwise manipulated?”
A tipografia é essencial para a comunicação, e fazer este trabalho permitiu-me ter uma noção do desafio que representa. Cada detalhe é importante numa composição tipográfica, desde o tipo de letra ao seu posicionamento – “designers approach text as a continuous field whose grain, color, density and silhouette can be endlessly adjusted” (Ellen Lupton). Concluindo, com este trabalho consegui perceber a importância da tipografia, seja na comunicação da mensagem de uma notícia, com um objetivo meramente informativo, até à difusão de ideais e a chamada de atenção para problemas sociais, como o caso Ferguson.

“Typography is a tool for doing things with: shaping content, giving language a physical body, enabling the social flow of messages. Typography is an ongoing tradition that connects you with other designers, past and future. Type is with you everywhere you go – the street, the mall, the Web, your apartment.” (Ellen Lupton)


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Proposta 2 - Tipografia - Notícia escolhida

Notícia - Público

Ferguson é uma cidade onde os polícias não cumprem a lei

Relatório do Departamento de Justiça dos EUA manda reformar organização policial e do tribunal
Um sargento da polícia de Ferguson, nos Estados Unidos, viu um negro a falar, por breves instantes, com o condutor de um camião, e logo afastar-se. Suspeitou de que podia haver ali actividade criminosa e foi questionar o motorista. Quando este não permitiu que o revistasse, o sargento, que actuava apenas com base num palpite, deu-lhe vários choques eléctricos com um taser. Um deles durou 20 segundos, quando dois a três segundos normalmente bastam para fazer cair ao chão quem o recebe. O homem acabou por ser acusado de “desobedecer à autoridade” e “resistir à detenção”, embora sem haver “nenhuma violação criminal independente”, conclui o relatório do Departamento de Justiça dos EUA sobre a polícia da cidade que fez os norte-americanos confrontarem-se com o racismo das suas forças da ordem.
Ferguson, no Missouri, é onde no passado mês de Agosto o adolescente Michael Brown foi morto com seis tiros por um agente branco, desencadeando uma onda de protestos contra o racismo da polícia que se espalharam a todo o país. A investigação do Departamento de Justiça concluiu que não há motivos para processar o agente que o matou, Darren Wilson, mas a família de Brown decidiu entretanto processar o município.
O que o Governo dos EUA concluiu foi que Ferguson viola de tantas formas os direitos constitucionais que toda a abordagem da polícia e da justiça municipal tem de ser mudada. Os funcionários têm de receber formação e é preciso uma nova supervisão.
Há vários exemplos como o do motorista. Jovens que estavam a ouvir música dentro de um carro foram detidos porque um polícia suspeitou que estavam a fumar marijuana. O argumento para os prender foi terem-se “juntado num grupo com o objectivo de cometer actividades ilegais.” Mas, diz o New York Times, não foram encontrados indícios de que tivessem marijuana, mesmo depois de a polícia ter revistado o carro.

Multas eternas
Ferguson tem 67% de negros, mas estes representam 93% das detenções feitas entre 2012 e 2014. Um polícia citado no relatório disse que considerava suspeito ou agressivo quem se recusasse a mostrar uma identificação, e que costumava detê-lo.
Em 88% dos casos em que a polícia usou violência excessiva, uma prática frequente, o alvo foram negros. Entre Outubro de 2012 e Outubro de 2014, 96% dos detidos em operações stop eram afro-americanos.
Entre Abril e Setembro do ano passado, 95% dos detidos na cadeia municipal eram negros e são estes os alvos da “esmagadora” maioria das acusações por delitos menores: 95% das citações por atravessar fora da passadeira, 94% por “incumprimento de ordens” e 92% por “perturbação da paz”.
Uma conclusão importante do relatório é que o tribunal municipal não funciona de forma independente: os funcionários judiciais respondem perante o chefe da polícia. Além disso, o tribunal está um caos, com as pessoas a serem notificadas em datas erradas, e sem que haja contas precisas de quanto deve quem é multado – fazendo com que muitos habitantes fiquem durante anos presos a uma dívida que nunca conseguem acabar de pagar, como muitos afro-americanos descreveram. A punição por não pagar uma multa de trânsito é frequentemente a  prisão.
No meio desta confusão, as multas e coimas judiciais são uma importantíssima fonte de rendimento para o município. Foram encontrados e-mails internos em que responsáveis municipais estimulam a cobrança de multas.